Ventilação mínima

27 maio 2021
-
3 minutos

A ventilação mínima ou renovação mínima tem como principal função a renovação do ar, remoção da umidade do ar e dos gases nocivos para o bom desempenho das aves que estão dentro do galpão.

Por Thalys Lima, Assistente Técnico de Aves

Em países com o clima tropical como o Brasil, a ventilação mínima normalmente é utilizada durante a fase inicial, momento em que a ave apresenta desenvolvimento muito rápido e que suas exigências são crescentes.

Em galpões de pressão negativa, este tipo de ventilação consiste em trabalhar com os exaustores ciclando, ou seja, ligando e desligando. O tempo de funcionamento dos exaustores dependerá de alguns parâmetros internos e externos do galpão. Já em galpões de pressão positiva, a ventilação mínima é feita através do manejo de cortinas e utilização de ventiladores que realizam a renovação do ar forçado.

Um dos principais objetivos é evitar a formação de possíveis correntes de ar sobre as aves, o que neste período é indesejável, pois pode provocar uma sensação de desconforto para elas e, consequente diminuição do consumo alimentar.

Para que a ventilação mínima possa ser executada com excelência, alguns fatores no momento da construção do galpão são essenciais, como o dimensionamento e instalação dos equipamentos e a vedação do galpão.

Ao montar corretamente a instalação de um galpão, realizando uma vedação adequada, aumentam-se as chances de maior controle sobre as diversas variáveis presentes dentro e fora do galpão, auxiliando na formação de um microclima adequado.

Um bom processo de ventilação mínima depende de escolhas ou fatores que acontecem antes mesmo das aves serem alojadas.

A ventilação mínima pode ser feita via entradas de ar frontais (Figura 1) ou via inlet (Figura 2) nos galpões pressão negativa – e/ ou abertura das cortinas laterais no caso de galpões pressão positiva (Figura 3). Independente do sistema, um dos princípios da ventilação mínima é que o ar externo, normalmente mais frio que o ar interno, entre na granja pela parte superior do galpão.

Desta maneira, além de ocorrer a mistura e posterior “aquecimento” do ar externo, teremos também a diminuição da sua umidade (para cada 1°C de ar aquecido, há diminuição de até 5% de umidade) facilitando, assim, o aquecimento das aves, trocas de calor e decorrente melhoria da qualidade do ar e da cama, além de economia quanto à queima de combustíveis para aquecimento. Tudo isso influenciará de maneira positiva na dinâmica e manejo das aves durante as fases iniciais do ciclo de vida.

imagea9a5q.png

Figura 1. Ventilação mínima via entradas de ar frontais (Cobb, 2018).

 

imagev69vm.png

Figura 2. Ventilação mínima via inlet (Cobb, 2018).

 

imagefx99e.png

Figura 3. Ar externo entrando pela abertura da cortina lateral em galpões pressão positiva (Cobb, 2018).

 

Como identificar problemas relacionados à ventilação mínima insuficiente?
  • Cama úmida
  • Abafamento
  • Condensação nas paredes, piso e forração
  • Umidade relativa alta
  • Pintos com penas umedecidas
  • Nível elevado de amônia (> 10 ppm)
  • Nível elevado de gás carbônico (> 3000 ppm)
  • Baixa taxa de atividade das aves

 

Existe alguma forma de calcular a ventilação mínima ideal?

Existem alguns cálculos e tabelas de ventilação mínima, porém, não podemos considerá-las como regra, devemos tê-las apenas como uma orientação, pois diversas são as variáveis que podem influenciar na qualidade do ar no interior do galpão.

Sobretudo, é importante ter alguns cuidados no início do lote a respeito da temporização do ciclo de ventilação mínima a ser trabalhado durante a vida da ave, uma vez que ciclos muito curtos podem não ser apropriados para a necessidade de aquecimento da ave, além disso, favorecem a maior oscilação de temperatura dentro do galpão, portanto, é de fundamental importância que o manejo correto da cama no intervalo do lote e um bom pré-aquecimento da cama sejam efetuados para diminuir a incidência de gases nocivos às aves no interior do galpão.

O ciclo de ventilação mínima é denominado pela soma do tempo ligado e a soma do tempo desligado dos exaustores, exemplo: 240 segundos de ciclo, sendo que 60 segundos o exaustor fica ligado e 180 segundos o exaustor fique desligado, completando assim um ciclo de ventilação mínima.

Outro ponto a ser observado são as mudanças do ciclo de ventilação mínima. Durante a fase inicial, as aves são muito sensíveis, e toda nova mudança requer um período de aproximadamente 24 horas para que os animais possam se adaptar. Mudanças constantes podem dificultar uma possível avaliação do comportamento animal, além de provocar estresse nas aves.

Alguns fatores devem ser levados em consideração antes de alterarmos o ciclo de ventilação, são eles:

  • Cama nova ou reutilizada
  • Umidade da cama
  • Espaço do aviário alojado
  • Umidade do ar
  • Níveis de amônia
  • Nível de gás carbônico
  • Tempo de intervalo entre lotes
  • Temperatura
  • Idade e peso das aves

O que vale a pena ressaltar são alguns parâmetros e seus níveis, os quais indicam se as aves estão em um ambiente em condições de bem-estar animal, para que possam expressar todo seu potencial genético.

Abaixo temos alguns dos principais indicadores de uma boa ventilação mínima, são eles:

imageyakbu.png

Figura 4. Qualidade do ar necessária durante a fase inicial de frangos de corte (Cobb, 2018).

 

Além dos fatores citados anteriormente, o comportamento das aves e a qualidade do ar são parâmetros que devem ser levados em consideração durante o momento de realizar o ajuste da ventilação mínima da granja.

Precisamos estar atentos, visto que o desempenho inicial das aves determina e muito, o desenvolvimento da estrutura óssea, imunidade, qualidade intestinal e por conseguinte, o desempenho zootécnico destas.

 

 

Referência

COBB. Manual de manejo de frango de corte. São Paulo: Cobb-Vantress Brasil, 2018. 105p.