Natural Power: efeitos do sombreamento no confinamento de bovinos de corte
A engorda confinada de bovinos de corte potencializa a produção de carne por área, aumenta a taxa de ganho de peso dos animais e melhora aspectos qualitativos das carcaças e da carne. No entanto, quando o assunto é o desempenho animal, na maioria das vezes o foco está apenas nos alimentos disponíveis e em como a otimização das dietas proporcionará o maior retorno econômico.
Sabe-se que além da nutrição, o sucesso da atividade está relacionado a diferentes ações e fatores. Atualmente, o uso de protocolos sanitários – anteriormente estabelecidos até o início do confinamento – e outras ações, como a atribuição de escore de cocho, escore de fezes, checagem de matéria seca dos volumosos e correção do consumo diário do lote, deixaram de ser novidades e estão obrigatoriamente inseridos no cotidiano dos confinamentos. Além disso, o foco da produção animal em buscar soluções naturais para a redução do uso de antibióticos e ionóforos ou encontrar moléculas que possam mitigar o impacto ambiental da exploração, reduz a atenção para ações já realizadas no ambiente e que auxiliam na eficiência dos sistemas produtivos.
Quando um técnico realiza uma visita de prospecção ou uma visita de rotina, é incomum a discussão acerca de assuntos além da nutrição ou do manejo operacional do confinamento. Dificilmente é abordada a importância do cuidado em relação ao ambiente e de como este pode influenciar positivamente ou negativamente a vida dos animais. Proporcionar sombra aos animais em confinamento, por exemplo, pode melhorar seus aspectos sociais, trazendo melhoria à saúde, bem-estar e desempenho animal, além da redução do impacto ambiental.
Em um ambiente tropical, os desafios enfrentados pelos animais são extremos, como altas temperaturas e intensa radiação. É possível observar temperaturas máximas próximas a 40°C em diversas regiões, extrapolando a capacidade fisiológica do animal para lidar com a situação de estresse. A zona de conforto térmico para bovinos não é unânime quanto aos valores, porém é fato que exista variação de acordo com cada grupo genético. Normalmente, os Taurinos apresentam temperatura crítica inferior (TCI) de -10°C, temperatura de conforto entre -1 e 16°C e temperatura crítica superior (TCS) de 27°C, já as raças Zebuínas apresentam TCI de 0 °C, TC entre 10°C e 27°C e TCS de 35°C. Assim, fica evidente que independentemente do grupo genético, a temperatura, a umidade e a radiação solar nos trópicos influenciam negativamente os animais, ou seja, a manutenção dos animais em equilíbrio térmico tem extrema importância na expressão do potencial produtivo de qualquer fase explorada.
Como mencionado anteriormente, a umidade também interfere diretamente na manutenção do conforto térmico dos animais. Esta, tem influência direta na capacidade de troca de calor do animal com o ambiente. Os animais diminuem sua capacidade de perda de calor por evaporação cutânea e respiratória em até 20% quando os valores de umidade do ar aumentam de 32 a 72%. Desta forma, a umidade relativa do ar tem maior influência na dissipação de calor do que na temperatura – quando se leva em consideração a perda de calor por evaporação.
Quando o ambiente apresenta elevados valores de umidade, normalmente observa-se a inibição do mecanismo de evaporação pela pele e pelo trato respiratório. O Índice de Temperatura e Umidade (ITU) é uma referência para a classificação de conforto térmico. Para bovinos de corte, o ITU até 74 é considerado adequado, o que significa que os animais estão em conforto; entre 74 e 79 é necessária atenção devido à influência negativa sobre os índices produtivos. Por fim, valores acima de 79 apresentam limitação da produção e risco para a saúde dos animais.
Nas fases de cria, recria e engorda exploradas em pastagens, é muito comum observar a existência de sombras naturais oriundas de árvores, arbustos e pequenos bosques (Figura 1.).
Figura 1: Animais sob sombra natural e criados a pasto
Quando os animais são recriados ou terminados em confinamento, muitas vezes os projetos não contemplam essas instalações. No entanto, nota-se resultados positivos com a utilização de sombreamento artificial (Figura 2.) ou natural e acredita-se que a adoção desta estratégia traz benefícios que vão além do desempenho.
Figura 2: Estrutura de sombreamento artificial em confinamento
Disponibilizar pelo menos 3 m2 de sombra por animal com redução de 80% da radiação, apresenta melhoria significativa no ambiente sombreado, reduzindo a temperatura, a radiação solar e aumentando a umidade. Quanto ao bem-estar e comportamento animal, observa-se melhorias expressivas, além da redução de comportamentos sociais agonísticos, como brigas e sodomia. O desempenho dos animais também é impactado positivamente – diversos estudos demonstraram aumento na taxa de ganho de peso diário, com uma variação entre 0,100 kg/dia e 0,200 kg/dia para animais que possuem sombra em seus piquetes, com o consequente aumento no peso final e rendimento de carcaça.
Mesmo animais de origem tropical, como Zebuínos ou os considerados adaptados, podem apresentar melhoria nos resultados produtivos quando se disponibiliza algum tipo de sombra, natural ou artificial (Figura 3.). Animais que possuem a opção, normalmente deslocam-se até áreas sombreadas nos horários mais quentes do dia.
Figura 3: Lote de animais Zebuínos sob sombra artificial em curral de confinamento
Estudos conduzidos pela Embrapa, evidenciaram que o ambiente também é beneficiado com o uso da sombra no confinamento. Além disso, os animais com maior conforto térmico ingerem menos água comparado a lotes de animais que não possuem acesso à sombra. Aproximadamente 3 litros de água são economizados diariamente. Se considerarmos um abate anual de 6 milhões de animais oriundos da engorda confinada, isto resultaria em uma economia próxima a 1,5 bilhão de litros de água – o suficiente para suprir 42 mil habitantes que vivem no campo.
Assim, é possível observar que o poder natural do ambiente está ao lado do produtor. Muitas vezes ações ou investimentos além da tecnologia usual, como softwares ou moléculas de última geração, impactam e trazem benefícios para os animais, produtores e à população.
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Emanuel Oliveira
Nutricionista de Ruminantes