Influenza aviária: pontos de atenção e orientações importantes
Entre os grandes países produtores de carne de frango e ovos, o Brasil é o único país que não possui registro de surtos de influenza aviária – considerada uma doença exótica.
Por Lidson Ramos Nery, Nutricionista de Aves
A influenza aviária é uma doença de alta patogenicidade e alta letalidade que afeta o sistema neurológico e o aparelho respiratório das aves. Os sinais clínicos englobam desde tremores de cabeça até sinais clínicos respiratórios como espirros, corrimentos nasais e lacrimejamento, além de alta mortalidade das aves.
As aves migratórias, em especial as aves aquáticas, são de grande importância epidemiológica para a transmissão da influenza aviária. Vale ressaltar que nem todas as aves migratórias possuem o vírus. Não podemos estigmatizar as aves migratórias e devemos entender que este processo migratório é importante e dificilmente conseguiríamos contê-lo. Portanto, a prevenção e monitoramento são pontos-chave para evitar a propagação desta doença em território nacional.
Além de se tratar de uma doença grave, esta é de notificação obrigatória aos órgãos oficiais nacionais e internacionais de controle de saúde animal, podendo ocasionar barreiras sanitárias afetando a comercialização de produtos avícolas no mercado interno e externo. Desta forma e devido à sua gravidade, é importante entender sobre o assunto, visto que sua incidência pode ocasionar uma grave crise na cadeia avícola brasileira, com fortes impactos socioeconômicos.
A intensificação das orientações e ações preventivas no país ocorreram no momento em que alguns países vizinhos ao Brasil registraram surtos da doença após outubro de 2022.
Considerando que na maioria dos países a vacinação não é permitida, a biossegurança é a única ferramenta que temos para evitar que a doença entre em nossas granjas.
As principais ações preventivas que devem estar em pleno funcionamento são:
- Não permitir a entrada de pessoas estranhas nas granjas;
- Caso a visita de trabalho for inevitável, recomenda-se que os visitantes tomem banho e utilizem uniformes e calçados fornecidos pela granja, o que também se aplica aos próprios trabalhadores da granja.
- A entrada de carros deve ser evitada, entretanto, todos os veículos que precisem adentrar a granja devem ser desinfectados com uso do arco sanitário;
- Todos os formulários de registro de visitas devem ser obrigatoriamente e corretamente preenchidos;
- É necessário realizar o fechamento dos galpões com o uso de telas para bloquear a entrada de pássaros silvestres;
- Não manter contato com aves silvestres, bem como sugere-se a suspensão de criações de aves soltas nas imediações das granjas e/ou núcleos de produções;
- Qualquer suspeita de contaminação deve ser comunicada imediatamente aos órgãos oficiais.
Quais são as situações em que se faz necessário comunicar os órgãos oficiais para uma investigação mais profunda?
- Incidência de alta mortalidade no plantel (acima de 10% do plantel em 72 horas), sejam criações de produção, de subsistência ou ornamental;
- Identificações de sinais clínicos e lesões compatíveis com a doença (sinais neurológicos, respiratórios e digestivos);
- Rápida queda da produção de ovos, tanto na avicultura de postura quanto em reprodutoras, sendo ela superior a 10%;
- Produção de ovos com má formação;
- Algum indício laboratorial percebido durante o monitoramento de rotina das granjas.
Uma vez feita a notificação, os órgãos veterinários oficiais estaduais deverão realizar uma visita investigativa ao local informado em até 12 horas após a notificação. Feita uma avaliação criteriosa, o veterinário determinará se é um caso que deva ser investigado com coleta de amostras para avaliação laboratorial ou se trata-se apenas de um caso de mortalidade isolada por outros motivos. Vale salientar que somente os veterinários dos órgãos oficiais têm a prerrogativa de descartar a suspeita, não cabendo ao veterinário de atendimento privado fazer esta avaliação – está reservado a ele somente a obrigação de fazer a notificação aos órgãos oficiais.
Mesmo com todos estes cuidados, é necessário que o país tenha um plano de contingenciamento preparado e atualizado em caso de alguma notificação.
O atual plano de contingência adotado pelo MAPA prevê que havendo a confirmação de um resultado laboratorial positivo, deve ocorrer a interdição da propriedade com a eliminação das aves (sacrifício e descarte das carcaças de acordo com recomendações técnicas). Em um raio de 3 km da propriedade é criada a zona de proteção e em um raio de 3 a 10 km da propriedade é criada a zona de vigilância. Nestas duas zonas deverão ocorrer a interdição de movimentação e quando necessário, esta pode ser realizada somente com a autorização do órgão veterinário oficial. Nestas zonas também poderão ocorrer a coleta de amostras para avaliação laboratorial.
Especificamente na propriedade onde o foco foi notificado, ocorre a eliminação das aves e de todo o material orgânico. O plano de contingenciamento também prevê a limpeza e desinfecção da propriedade, bem como a implementação de aves sentinelas (para coleta de amostras e verificação da eficiência de desinfecção). Na zona de proteção é realizada a coleta de amostras em todas as propriedades – raio de 3 km do foco. A zona de proteção só é desfeita após a confirmação dos resultados negativos dos testes laboratoriais. Já com relação à zona de vigilância, todas as propriedades poderão ser visitadas para coletas de amostras, caso necessário.
Vale ressaltar que o plano de contingenciamento tem previsto todos os processos específicos, ou seja, como deve ser feito o descarte das carcaças, como deve ser feita a desinfecção da granja foco, quais são os desinfetantes aprovados pelo MAPA com ação comprovada contra o vírus, dentre outras determinações.
Este plano de contingência é constantemente revisado e atualizado em função de novas informações compartilhadas por outros países com casos confirmados de surtos por influenza aviária. Portanto, é fundamental que a iniciativa privada tenha conhecimento deste plano de contingenciamento para que os profissionais correlacionados estejam preparados e com o devido conhecimento para atuação neste momento que demanda muita atenção de todos para que sejam minimizados os riscos da entrada e proliferação do vírus no Brasil.
Em especial, a De Heus – multinacional presente em mais de 20 países e com profissionais altamente qualificados – poderá ajudar os seus clientes por meio de aconselhamento técnico e demais orientações necessárias sobre todos os pontos de atenção com relação à biosseguridade neste momento tão importante para a avicultura nacional.
Abaixo seguem algumas sugestões de leitura que podem te ajudar a se aprofundar mais sobre este tema:
- PROGRAMA NACIONAL DE SANIDADE DE AVÍCOLA:
- NOTA TÉCNICA SOBRE INFLUENZA AVIÁRIA/NOVEMBRO 2022:
- PLANO DE CONTINGÊNCIA NO BRASIL
- CAMPANHA DA ABPA ALERTA SOBRE CUIDADOS PARA PREVENÇÃO À INFLUENZA AVIÁRIA: https://www.youtube.com/watch?v=rnOpEqV9-AU
- INFORMAÇÃO BÁSICA SOBRE INFLUENZA AVIÁRIA PARA PRODUTORES:
- INFORMAÇÃO BÁSICA SOBRE INFLUENZA AVIÁRIA PARA VIAJANTES:
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Lidson Ramos Nery
Nutricionista de Aves