Cuidados que auxiliam no bom aproveitamento das soluções nutricionais
Na avicultura brasileira a excelência tecnológica em genética, manejo, nutrição e ambiência garantiram saltos produtivos que colocaram o país como destaque na produção mundial de carne de frango, com mais de 14 milhões de toneladas anuais de carne de frango. (ABPA, 2022)
A nutrição tem um papel de destaque nos bons resultados do setor avícola. Na primeira parte deste artigo descrevemos sobre algumas ferramentas nutricionais que auxiliam na otimização do uso de ingredientes, a fim de melhorar a conversão alimentar, tais como: as enzimas, os minerais orgânicos e o conceito de proteína ideal.
O máximo aproveitamento do alimento na produção animal resulta em menor impacto ambiental e é uma das formas de se produzir com responsabilidade. Na sequência listamos algumas ferramentas práticas que auxiliam para um bom aproveitamento das mais variadas soluções nutricionais disponíveis no mercado.
Qualidade de ingredientes
Os ingredientes de qualidade assegurada são melhor aproveitados pelas aves e além de aumentar sua produtividade, é essencial para manutenção da integridade intestinal das aves.
As matérias-primas devem ser adquiridas de fornecedores qualificados, que possua padrões e um controle da qualidade de seu produto pré-estabelecidos rigorosamente, esse fator também é de suma importância para garantir alimentos conformes e com as características desejadas.
Fatores indesejáveis como as micotoxinas em grãos, oxidação das gorduras, fatores antinutricionais em fontes de proteínas de origem vegetal e a contaminações microbiológicas em farinhas de origem animal podem provocar diversos danos à saúde animal, resultando em perda de desempenho, aumento da conversão alimentar e elevados custos de produção.
Lembrando que não basta apenas analisar, a gestão dos resultados de análise de matéria-prima deve acontecer com o intuito de se trabalhar com uma matriz nutricional ajustada com frequência, evitando a subvalorização de níveis nutricionais. Níveis nutricionais em excesso podem acarretar problemas ambientais ocasionados pelo aumento de excreção.
Granulometria e qualidade da ração
A granulometria adequada dos ingredientes que compõe a ração é um fator que interfere significativamente no consumo.
Quanto menor o tamanho das partículas do alimento maior o contato dessas com os sucos digestivos, favorecendo a digestão e a absorção, mas nem sempre essa relação é verdadeira para as aves considerando a dinâmica da digestão com a presença da moela e de uma fisiologia da digestão com peristaltismo reverso.
O processo de mistura dos ingredientes é outra etapa muito importante na fabricação de rações. Para avaliar a qualidade da mistura LIMA e NONES (1997) sugerem coletar várias amostras em várias partes do misturador após o tempo de mistura ideal. Faz-se então análise de micromineral destas amostras e com os resultados calcula-se o coeficiente de variação (CV) que deve ser inferior a 10% para uma mistura adequada. A qualidade da mistura também pode ser avaliada através de um elemento traço, chamado indicador.
Alguns fatores podem alterar a performance de um misturador como: tempo insuficiente de mistura, forma e tamanho das partículas, massa específica dos ingredientes, sequência de adição dos ingredientes, adição de ingredientes líquidos, partes quebradas ou desgastadas do misturador, regulagem incorreta, projeto inadequado do misturador, limpeza e carregar o misturador com quantidade diferente da recomendada para a sua operação (BIAGI, 1998).
O processo de peletização das rações melhora a eficiência alimentar pela gelatinização dos componentes, proporcionando melhor digestão das rações; diminuindo a segregação ou a separação dos ingredientes, garantindo um consumo mais uniforme. Além disso, diminui o desperdício, pois impede a separação ou o consumo de ingredientes mais palatáveis; aumenta a densidade, o que permite o armazenamento e/ou transporte de mais produtos em um mesmo espaço; e melhora o fluxo da ração no comedouro quando comparado à ração farelada (KLEIN, 2012).
Integridade Intestinal
Para que uma dieta ajustada possa ser bem digerida pelas aves, é necessário garantir a integridade da mucosa intestinal com foco na maximização da digestão e absorção dos nutrientes. A saúde intestinal possui grande importância nesse sentido e qualquer deficiência pode acarretar doenças, diminuição da digestibilidade e desempenho, levando a perdas na conversão alimentar e outros prejuízos relevantes.
A saúde intestinal consiste no equilíbrio dinâmico entre a mucosa intestinal e o conteúdo luminal, em que as características estruturais e funcionais da mucosa estejam preservadas ou mantidas (Ito et al., 2007)
Muitos fatores influenciam a redução da digestão dos alimentos e absorção dos nutrientes tais como: desafios sanitários, principalmente coccidiose e clostridiose, lesões nos enterócitos, presença de microrganismos não benéficos à saúde do hospedeiro como bactérias, fungos e protozoários, bem como a capacidade e a necessidade de recuperação do epitélio (BOROSKY, 2012).
Algumas alternativas visam auxiliar na busca da qualidade entérica, como probióticos, prebióticos, simbióticos, ácidos orgânicos, aditivos fitogênicos, entre outros, por proporcionarem condições favoráveis ao desenvolvimento de microrganismos benéficos ao trato gastrointestinal e diminuição do estresse imunológico.
Gestão de Resultados
Nesse momento, é importante ressaltar que, qualquer avaliação de resultados de desempenho zootécnico de um lote precisa ser minuciosamente estudada pois as causas de resultados abaixo do esperado podem variar desde a qualidade da ração e dos ingredientes; falhas no processo de produção; saúde das aves e por último o manejo, envolvendo desde problemas com os equipamentos, instalações, ambiência e pessoas. Focando no conceito de máximo aproveitamento de insumos, podemos destacar qualquer prática que leve ao desperdício de ração como fator crítico ao processo.
Considerações Finais
Podemos concluir que é possível fornecer uma nutrição ajustada e responsável, visando o menor impacto ambiental, através das diversas alternativas disponíveis para o fim, como os conceitos de enzimas e minerais orgânicos, a formulação baseada em proteína ideal, ajustes precisos em matrizes nutricionais e a garantia da qualidade dos ingredientes – de forma alinhada ao conceito de saúde intestinal, em busca do máximo aproveitamento dos nutrientes ofertados às aves.
Referências:
KLEIN, A. A. Peletização de Rações: Aspectos Técnicos, Custos e Benefícios e Inovações Tecnológicas. 2009. Disponível em: . Acesso em: 28/05/2012.
LIMA, G.J.M.M. de; NONES, K. Os cuidados com a mistura de rações na propriedade. Concórdia: EMBRAPA-CNPSA, 1997. 29p. (Circular Técnica,19)
BIAGI, J.D. Implicações da granulometria de ingredientes na qualidade de peletes e na economia da produção de rações. Simpósio sobre granulometria de ingredientes e rações para suínos e aves. Anais.... Concórdia: EMBRAPA-CNPSA, 1998. p.57-70
BOROSKY, J. C. A saúde intestinal é elementar para a produtividade de frangos de corte. Engormix, 2012.
Ito, N. M. K., Miyaji, C. I., & Okabayashi, S. M. (2007). Saúde intestinal em frangos de corte. Circular Técnica Aviagen Brasil. Acesso em: http://en.aviagen.com/assets/Tech_ Center/BB_Foreign_Language_Docs/Portuguese/novembro2007-saudeintestinalemfrangosde corte.pdf.
Gonçalves, F. M., Farina, G., & Kreuz, B. S. (2013). Manejo inicial de frangos de corte. In: Gentilini, F. P., & Anciuti, M. A. Tópicos atuais na produção de suínos e aves. (pp. 62-78) Pelotas: Instituto Federal Sul-riograndense.
Faveri, J. C., Murakami, A. E., Potença, A., Eyng, C., Marques, A. F. Q., & Santos, T. C. (2015). Desempenho e morfologia intestinal de frangos de corte na fase de crescimento, com e sem adição de nucleotídeos na dieta, em diferentes níveis proteicos. Pesquisa Veterinária Brasileira, 35(3), 291-296. doi: 10.1590/S0100-736X2015000300013
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About the author
Renata Soares Marangoni
Nutricionista de Aves