A importância do consumo de ração para frangos de corte
Os padrões nutricionais para produção de aves necessitam de constantes atualizações, principalmente em função dos avanços relacionados ao potencial genético das aves, visando a obtenção do máximo desempenho – sempre de acordo com as exigências de mercado e com os objetivos da produção.
Neste sentido, os responsáveis pelas linhas comerciais públicas, eventualmente, ou a cada atualização genética, os manuais de manejo e nutrição apresentam níveis nutricionais que podem ser utilizados como uma diretriz inicial para as definições das estratégias nutricionais.
Paralelo a isso, é fundamental compreender que cada produtor demanda uma abordagem específica, que englobe suas particularidades e objetivos, para atingir os melhores resultados. Ao definir o conceito nutricional a ser adotado, diversos fatores devem ser levados em consideração, como linhagem, tipo de criação, objetivos de mercado, estrutura e manejo das granjas, clima da região, custo de produção, densidade, forma física da ração, consumo de ração, entre outros. Além disso, é importante ressaltar que a qualidade das matérias-primas e o uso de ingredientes de alta digestibilidade são elementos fundamentais na obtenção dos melhores resultados na produção de aves.
É indiscutível que a adoção de uma estratégia nutricional eficiente tem um expressivo potencial de redução da excreção de nutrientes pelos frangos de corte, além de contribuir para a diminuição dos custos de produção ao mesmo tempo em que promove a melhora do desempenho zootécnico.
Dentre os indicadores mais utilizados para mensurar o desempenho zootécnico de frangos de corte, o índice de conversão alimentar pode ser definido pelo consumo de ração do animal em um período, dividido pelo seu ganho de peso no mesmo período.
Ao abordarmos o consumo de ração, é fundamental compreender que este não se resume apenas à formulação, produção e fornecimento aos animais. É extremamente importante conhecer e assegurar que os nutrientes sejam efetivamente ingeridos, em quantidade e qualidade – o que também é resultado do consumo da quantidade necessária de ração, bem como da qualidade dos ingredientes e disponibilidade de seus nutrientes, além dos níveis nutricionais trabalhados.
É válido acrescentar que a nutrição animal abrange tanto o consumo adequado de água quanto a ingestão adequada de nutrientes, adaptados às necessidades específicas de cada espécie e categoria animal. Desta forma, alcançamos o perfil nutricional essencial para o bem-estar e saúde dos animais.
A mensuração do consumo de ração é uma ferramenta valiosa não apenas para ajustar a dieta, mas também para identificar e solucionar problemas que possam estar afetando o desenvolvimento das aves. Quando o consumo de ração está abaixo do esperado, isso pode ser um importante sinalizador de que algo não está bem no sistema de produção. Detectar essa redução no consumo de ração a tempo é fundamental para evitar prejuízos maiores e garantir o bem-estar e o desempenho adequado das aves.
Diversos fatores podem influenciar o consumo de ração pelas aves, incluindo aspectos relacionados ao ambiente e conforto térmico, parâmetros de manejo como a disponibilidade de ração e água em quantidade e qualidade, bem como o ajuste dos bebedouros e comedouros, do programa de estímulo de luz, e da forma física da ração. Outros aspectos essenciais, como a densidade, o balanço nutricional da dieta e, não menos importante, a condição geral de saúde das aves apresentam papéis cruciais no desempenho e bem-estar dos animais, além de influenciar diretamente nos resultados zootécnicos do lote.
A concentração adequada de energia disponível e sua relação com os nutrientes da dieta é um fator importante para assegurar o sucesso dos programas nutricionais, uma vez que são capazes de maximizar o desempenho produtivo e a qualidade da carcaça, pois a energia está relacionada com a regulação do consumo de ração e na quantidade de nutrientes ingeridos (ALVARENGA, 2012; BOLARINWA e ADEOLA, 2012).
Alterações de consumo são um dos fatores que podem mudar o desempenho estimado no momento da formulação da ração das aves. Para exemplificar, podemos considerar que para um lote de frangos de corte mistos com 35 dias de idade estimamos um consumo diário de 184 gramas de ração por ave, segundo o manual da linhagem. Contando com uma formulação de ração para essas aves de 3.100 Kcal, essas aves estariam consumindo aproximadamente 570 Kcal se garantimos o consumo de 184 gramas esperado para a idade:
Caso essa esteja comendo 5% a menos que o esperado, ou seja, 175 gramas, ela passa a consumir apenas 542 Kcal, ou seja, aproximadamente 28 Kcal a menos. Dessa forma,essas aves deveriam estar consumindo uma dieta de 3.263 Kcal. E não somente a energia da ração passa a ser consumida a menos, mas sim todos os nutrientes e aditivos oferecidos e, consequentemente, seu desempenho esperado passa a ser outro.
Além do desempenho abaixo do potencial da ave, alguns autores alertam que a má nutrição prejudica o sistema imunológico das aves, tornando-as frágeis e suscetíveis a infecções gastrointestinais, atrasando o ganho de peso e gerando maiores custos de produção. Já uma dieta de boa qualidade modula a propensão a infecções e inflamações nas aves, promovendo a absorção adequada dos nutrientes pelo trato gastrointestinal, além de garantir a conversão alimentar e o ganho de peso (PESSOA GBS, et al., 2012).
Ao identificar um baixo consumo de ração, é essencial agir de forma profissional e econômica, buscando a causa raiz do problema. Corrigir o motivo real pode levar a resultados mais positivos e sustentáveis do que agir aumentando a densidade da dieta. Conhecer o consumo de ração é uma ferramenta essencial para a avaliação holística do sistema de produção de aves. É uma forma inteligente de identificar problemas e melhorar o desempenho das aves.
Por fim, é importante reforçar que a nutrição da ave não é apenas a fórmula da ração e do processo. A nutrição é o resultado da quantidade e qualidade da dieta consumida e da digestibilidade de seus nutrientes. Em resumo, o consumo adequado de ração é essencial na busca pelos melhores resultados zootécnicos. Investir em ração de qualidade, atendendo às necessidades nutricionais específicas das aves, é um dos pilares para o sucesso na produção avícola.
Referências:
ALVARENGA, RR Avaliação de equações de predição dos valores energéticos do milho e do farelo de soja na formulação de rações para frangos de corte. 2012. 92f. Tese (Doutorado em Zootecnia), Pós-graduação em Zootecnia, Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2012.
BOLARINWA, OA; ADEOLA, O. Valor energético de trigo, cevada e grãos de trigo secos de destilaria com solúveis para frangos de corte determinado pelo método de regressão, Poultry Science, Champaign, v. 91, p. 1928–1935, 2012.
PESSOA GBS, et al. Novos conceitos em nutrição de aves. Rev. Brás. Saúde Prod. Animação, 2012; 13(3): 755-774.
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About the author
Renata Soares Marangoni
Nutricionista de Aves